quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

CPI da ALEPA: Alguém lembra?


            Vão completar sete anos de que se tentou instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa do Pará para apurar as irregularidades no Poder legislativo do Estado do Pará. Havia suspeita de desvios de R$ 80 mil a R$ 1 milhão por mês, somente na folha de pagamento. Licitações e contratos também foram apurados, assim como o recolhimento de impostos federais. Também haviam suspeitas de simulação de compras e serviços de materiais, como aluguel de veículos e obras, e sonegação de imposto de renda e da contribuição à Previdência Social.
As denuncias eram de todos os tipos e pra todos os lados, desde os funcionários (como a famigerada e elegante srta Mônica Pinto); deputados (como o craque RobGol que ficou marcado por conta dos R$ 500 mil em espécie e mais R$ 40 mil em tíquetes-alimentação encontrados em sua residência); empresas (como a fantasma ‘Crock Tapioca’ e a ‘Tópicos Comércio de Gêneros Alimentícios Ltda’); bancos (como o Banpará), licitações fraudulentas (como a da Ideal Turismo), ‘funcionários fantasmas’, nepotismo, excesso de cargos comissionados, etc..
            A proposta de CPI, como era de se esperar, foi rejeitada, pois a maioria dos partidos estavam envolvidos nas denúncias. Isso demonstra que não é um problema de moralidade de alguns políticos, trata-se de um problema estrutural.







Lembro-me de uma cena interessante na Paróquia São Francisco Xavier, na Mauriti, onde o Padre Bruno estava tentando recolher assinaturas para a abertura da CPI e acabou se indignando com a falta de interesse dos fieis. O padre Bruno é experiente, já devia estar acostumado com a indiferença da maioria das pessoas com relação a estas questões graves e que já fazem parte da nossa cultura individualista e ‘barganhista’. Claro que ele teria mais sucesso se os meios de comunicação paraenses caíssem tão pesado quanto a imprensa nacional caiu sobre o governo do PT recentemente.
Este tipo de escândalo apenas demonstra a maneira patrimonialista-clientelista que são geridos os órgãos públicos do país, onde não há uma separação de interesses. O Estado é quase sempre utilizado para interesses particulares.

Muitos políticos que foram presidentes da ALEPA são citados nesta gravação feita pelo dono da Croc Tapioca - José Carlos Rodrigues com Sérgio Duboc (ex-diretor Finaceiro da ALEPA) e o ex-integrante da Comissão de Licitação - Sandro Matos:



Em nosso país a Democracia se resume em eleição, onde se vende a ideia de que o voto é a única arma de transformação que o cidadão tem para exercer seus direitos políticos; e a única maneira de nós ‘participarmos’ da vida política do país é escolhendo o nosso ‘representante’; e que a única forma de se ‘fiscalizá-los’ é esperar a outra eleição para escolher outro candidato; e que trocando os políticos os problemas se resolverão.
Já fazem mais de vinte e sete anos que estamos neste ciclo vicioso e as coisas só estão piorando; e os brasileiros se sentem cada vez menos ‘representados’ pelos políticos eleitos...

 Neste momento em que a operação Lava-Jato está em alta, é necessário refletir se o problema realmente está apenas em alguns grupos político-partidários e em determinadas empresas, ou se não está na hora de questionarmos as estruturas deste modelo político-econômico e da ‘Democracia’ em que vivemos...

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