domingo, 2 de fevereiro de 2020

TCC: A DIVULGAÇÃO DE MEDICINAS ALTERNATIVAS NAS MÍDIAS SOCIAIS

AGRADECIMENTOS

      Agradeço a todos os Seres Humanos que me ajudaram intencionalmente e aos que tentaram me atrapalhar, mas que acabaram contribuindo deixando-me cada vez mais forte e preparado para as adversidades. Não só durante o processo deste trabalho, mas no processo de minha vida como um todo.
     Geralmente os agradecimentos são muito particulares ou fechados a um grupo restrito de pessoas. Eu penso que todos foram e são importantes em minha vida até este momento. Mesmo as pessoas que eu ainda não tive a oportunidade de conhecer pessoalmente.
    Tendo em vista isso, todos foram e são especiais. Em sua peculiaridade, similaridade e diversidade.
    Não acredito também na polarização entre individuo/coletivo, pois são reflexos de uma só realidade. O bem de um é o bem de todos e vice-versa. Um problema individual é um problema social e vice-versa. É justamente esta separação que nos levou ao atual estado de calamidade em que vivemos.
    Mas, pra não dizer que não falei das flores, ter um filho, no meu ponto de vista, é uma espécie de reencarnação. Uma oportunidade de recomeçar. Foi assim que vislumbrei o nascimento de Davi Malcolm: um renascer...
    Não que eu tenha me transformado em outra pessoa, mas tive a oportunidade de repassar à uma nova vida as experiências que tive e graças a ele, com a história na mão, tenho uma nova oportunidade de aprender e ensinar uma nova lição...
    E eu tento fazer isso não de uma forma individualista - pensando só nele - mas de forma universal.      O bem dele é o bem de todos e vice-versa.
    Além disso, ele me deu ainda mais motivos e coragem para fazer o que considero necessário para mudar esta realidade cruel e construir uma sociedade melhor e mais justa para que se abram as novas alamedas por onde o pequeno Malcolm correrá livre com o seu velho...

RESUMO
     Este trabalho teve como principal objetivo investigar a influência dos meios de comunicação de massa na vida cotidiana da maioria das pessoas utilizando a teoria do “agendamento” (Agenda Setting). Precisamente, buscou-se compreender como as mídias sociais são utilizadas para divulgar medicinas não convencionais e formalizadas. Além da pesquisa bibliográfica foi realizada a pesquisa etnográfica em espaços virtuais. No contexto desta pesquisa, e considerando-se a massificação da Internet, as mídias sociais e redes sociais serviram como um contraponto as informações divulgadas pelo ‘mass media’. Evidenciou-se que as medicinas não convencionais não têm espaço equivalente à chamada medicina oficial nos meios de comunicação de massa.
PALAVRAS-CHAVE: Medicinas não convencionais, Teoria do agendamento, mídias sociais.

1 INTRODUÇÃO

       Considerando a relevância e a importância de temas relacionados à saúde e sua abrangência, além da influência que as mídias sociais têm no cotidiano de grande parte da população, o presente trabalho enfoca justamente nestas mídias, naquilo que diz respeito à divulgação da chamada ‘medicina natural’ nestes espaços por parte de seus participantes.
       Tendo em vista o poder de influência da medicina convencional e seus órgãos reguladores nos meios de comunicação de massa, onde interferem também nas propagandas e divulgação dos remédios e tratamentos de considerados legítimos, insurge aí a importância da divulgação de uma “contrainformação” de outros tratamentos e medicamentos, de origem natural, que são na maioria das vezes marginalizados por estas instituições.

     Esta influência pode ser analisada sob a teoria jornalística do “Agendamento” ou “Agenda Setting”, que consiste em relatar este poder que o mass media tem de controle sobre os temas centrais da chamada ‘opinião pública’:

    O jornalista Walter Lippmann, com o livro Public Opinion, de 1922, defendeu que os meios de comunicação exerciam um importante papel na mediação dos cidadãos com o mundo real, para a apreensão de fatos e ideologias necessários à formação de uma opinião pública. Na década de 1960, Bernard Cohen já havia formulado de forma mais sucinta a questão do agendamento da mídia, alertando para a eficácia da imprensa em indicar aos leitores “sobre o que pensar”. McCombs e Shaw (2000) atribuíram um conceito a esse fenômeno e conseguiram sistematizar a hipótese de que os media poderiam agendar as temáticas junto à opinião pública e ainda determinar uma hierarquia de relevância entre os acontecimentos. (MAIA, 2010).

   Dentro desta teoria jornalística, porém, reporta que mesmo sob uma hegemonia dos meios de comunicação de massa quanto à imposição de uma agenda pública, o público também pode tornar-se protagonista desta agenda de discussão fazendo frente a esta coerção. Isso dependeria da “necessidade de orientação do público”, onde uma parte do público, por uma serie de fatores, não está tão sujeita a esta interferência dos meios de comunicação de massa no seu cotidiano.

    Quanto maior a necessidade por orientação, mais forte é o efeito do Agenda-setting. O efeito do agendamento não diz respeito simplesmente à exposição. Porém, diferentes pessoas com o mesmo nível de exposição podem demonstrar efeitos muito diferentes, dependendo do seu nível de necessidade de orientação. Há outras questões contingenciais, mas certamente essas são as duas mais significativas, que é a descrição da necessidade de orientação do indivíduo e a organização que detém a mídia. Mas nós podemos citar também um outro efeito contingencial que varia de país para país. É a relativa influência dos jornais e da televisão. (MCCOMBS, 2008).
Um desses fatores que fazem que o público não necessite mais tanto dos meios de comunicação de massa e abrem novas opções perante os meios de comunicação de massa, certamente, é a proliferação das mídias sociais com a popularização da internet, muito graças também à massificação do uso do aparelho celular, que acaba funcionando como um computador portátil.
    A curiosidade pelo mundo, por um tópico em particular motiva as pessoas a usarem a mídia. No passado, isso levava as pessoas a lerem o jornal ou a assistir a notícias na TV. Agora, evidentemente, há muitas outras possibilidades. Então, se olharmos para a internet, há muitos que vão se orientar por meio dela parcialmente, mas você pode ler ou não ler, ir ou não às matérias. Por enquanto, você vai assistir ao You Tube, ou a algo do tipo. (MCCOMBS, 2008).

    Sendo assim, uma das raras maneiras de divulgar estes meios ‘alternativos’ à medicina ortodoxa é através destas mídias que nas chamadas CMC’s (Comunicações Mediadas por Computador), funcionam também como uma forma de compartilhar experiências, materiais e arquivos digitais disponíveis para pessoas em todo o mundo. Levando isso em consideração, até que ponto as mídias sociais podem servir como espaço de divulgação de Medicinas Alternativas e como esta divulgação e a interação entre os participantes destas mídias podem interferir na escolha de saúde escolhido por seus frequentadores?

    Outro aspecto a ser destacado é a importância que as universidades apresentam neste contexto, na medida em que elas são instituições que têm por objetivo incentivar a produção cientifica e abrir espaços de discussão sobre temas relevantes, mesmo quando estes são considerados polêmicos. Assim, é importante que a comunidade acadêmica questione todos os tipos de monopólio. Mais especificamente neste caso, o monopólio da informação e as restrições e controle sobre as pesquisas científicas por intermédio do mercado, neste caso pelas empresas farmacêuticas, que também intervém na produção e divulgação das produções acadêmicas. Como foi escrito pelo médico dinamarquês Peter Gotzsche:

    Contudo, existem numerosas maneiras pelas quais uma empresa farmacêutica pode manipular seus ensaios clínicos para assegurar que os resultados se tornem uteis aos seus vendedores, não importando o que uma abordagem honesta à Ciência mostraria. As manipulações são tão comum e sérias que um de meus colegas que deveríamos encarar os relatórios publicados dos ensaios da Indústria Farmacêutica como nada mais que anúncios de propagandas para seus medicamentos.” (GOTZSCHE, 2016).

    Nesse contexto, é importante levar em consideração a atuação da Indústria Farmacêutica dentro das universidades, na chamada ‘Comunidade Científica’ e nos meios de comunicação de massa. Desse modo, ressaltamos que a intenção deste estudo é levantar esta questão e a partir dela desenvolver um trabalho sobre meios de comunicação alternativos e o seu papel na divulgação de formas medicinas alternativas.
Em diversas situações, o limite que distingue o que é ‘alternativo’ do que é ‘convencional’ é justamente a intervenção de interesses corporativos. Por exemplo, muitos tratamentos de saúde que antes eram marginalizados, foram normatizados e legitimados pelos órgãos reguladores da medicina, como é o caso da Acupuntura. Dentro deste contexto de disputa pela legitimidade das informações, a universidade deve tentar se posicionar de forma independente dando espaço para todos os tipos de propostas, ideias e métodos existentes na sociedade.
      A internet teve um papel fundamental na sublevação e interação de diversas formas de medicina alternativas. Muitas pessoas, inclusive profissionais de saúde, descobriram outras formas de tratamento de saúde além da medicina convencional graças às mídias sociais. Muitas vezes elas cumprem um papel preponderante na escolha do tratamento de saúde a ser adotado por quem as acessa.

      O objetivo deste trabalho é identificar e exemplificar como as mídias sociais interferem no processo de escolha do(s) tratamento(s) de saúde a ser seguido pelos seus leitores e participantes. Diante dessa proposta, utilizamos diversos procedimentos metodológicos com vistas a abarcar elementos diversos que envolvem o tema ora proposto neste estudo.
Foram adotadas para a pesquisa as estratégias metodológicas como a pesquisa bibliográfica sobre os temas de Internet, mídias sociais e seus desdobramentos conceituais, além de Saúde e Medicinas Alternativas.

      No que se refere ao uso da Netnografia, indicamos que ela se trata de “uma adaptação do método etnográfico tradicional, porém, desenvolvido em espaços virtuais de sociabilidade” (COSTA, Lorena / 2015), para a coleta de dados dos ambientes virtuais. Além da Netnografia buscamos desenvolver a Histórias de Vida e realização de entrevistas com um membro de cada uma das três mídias sociais a serem averiguadas.
      A partir dos dados que foram coletados nas mídias sócias, mais especificamente das postagens, comentários, pesquisas, interação entre os participantes, história de vida e entrevistas; buscamos descrever até que ponto as ferramentas destas mídias sociais colaboram ou influenciam na escolha do tratamento de saúde a ser escolhido pelo paciente, consequentemente na sua visão e opinião sobre saúde em geral.
      Com as ferramentas destes ciberespaços foram determinantes na prática com relação a sua saúde. Com estes dados será possível chegar à conclusão do nível de influência que esta mídia social pode exercer sobre cada indivíduo e também são descritas as próprias postagens dentro de sua determinada ferramenta na interface: vídeos, textos, links e fotos.

      No parâmetro de uma pesquisa survey e de acordo com os dados supracitados, foi feita uma estatística montada de acordo com a resposta de cada participante para tentar determinar a porcentagem do nível de influência que estas mídias sociais exerceram na vida destas pessoas com relação ao seu percurso do tratamento de determinada doença ou distúrbio de saúde.

       Todos estes resultados estão apresentados neste trabalho em seis capítulos. No segundo será explanado o conceito ortodoxo da medicina ocidental e suas origens, no terceiro será analisado os conceitos das medicinas chamadas de ‘alternativas’ dentro do contexto da divulgação destas medicinas nas mídias sociais, nos quarto e quinto capítulos serão expostas as pesquisas realizadas nestes espaços da internet e três entrevistas com alguns de seus membros. Nas considerações finais será feita a avaliação destes resultados tentando, dentro das limitações das pesquisas deste trabalho, responder a questão colocada com relação ao nível influencia que as mídias sociais podem ter na escolha do tratamento dos internautas.

2 O CONCEITO FORMAL DE MEDICINA NA TRADIÇÃO OCIDENTAL

Retirado do ‘dicionário etimológico’:

A palavra medicina é uma derivação do termo latino medicus – médico – que era conhecido como o responsável por tratar da saúde das pessoas. No entanto, medicus se originou a partir da palavra mederi, que originalmente significava o ato ou conhecimento de “saber o melhor caminho” para algo. Com o passar do tempo, o significado de mederi se modificou, referindo-se ao efeito de “curar” ou “tratar”. Muitos etimologistas acreditam que a verdadeira raiz etimológica de “medicina” esteja na fonte Indo-Europeia MED, que pode ser traduzida para “avaliar” ou “medir”. (DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO. Medicina. Disponível em: <https://www.dicionarioetimologico.com.br/medicina/>. Acesso em: 01 jul. 2018).

Michel Foucault (Nascimento da Clínica) assinala a transição da ‘medicina clássica’ para a ‘medicina moderna’ no século XIX, destacando o caráter positivista, cientificista e detalhista da segunda e sua reinvindicação científica em detrimento da abstração utilitarista da primeira.
O conceito de doença tem uma importância fundamental para a separação destes dois momentos da medicina e vai marcando gradativamente uma generalização cada vez maior dos conceitos médicos, apesar da aproximação da doença com o doente na chamada “medicina da classificação das doenças” em detrimento da anterior “medicina das espécies de doenças”, onde a doença era considerada uma entidade sem qualquer ligação com o corpo do indivíduo, com isso veio o contrato formal médico/paciente e o aumento de poder do profissional da medicina quando este se aproxima do individuo portador da doença e leva o olhar médico ao interior de cada organismo e a medicina se transforma numa “verdadeira arte de curar”, apesar de se concentrar principalmente nos sintomas ao invés de ir à origem da patologia.

Antes de ser tomada na espessura do corpo, a doença recebe uma organização hierarquizada. em famílias, gêneros e espécies. Aparentemente, trata-se, apenas, de um “quadro” que permite tornar sensível, para a aprendizagem e a memoria, o domínio abundante da doença. Mais profundamente, porem, do que esta “metáfora” espacial, e para torna-la possível, a medicina classificat6na supõe uma determinada doença, que nunca foi, por si mesma, formulada, mas do que se pode definir os requisitos essenciais. Da mesma forma como a arvore genealógica além da comparação que comporta e de todos seus temas imaginários, supõe um espaço em que o parentesco é formalizável, o quadro nosológico implica uma figura das doenças diferente do encadeamento dos efeitos e das causas, da série cronológica dos acontecimentos e de seu trajeto invisível no corpo humano. (FAUCALT, 1977).
Nesta passagem temporal do conceito ocidental de medicina, destacam-se algumas noções importantes: a transição representada pelo “médico de cama” - onde o paciente era colocado no centro do processo médico e era considerado em sua totalidade para a medicina clínica onde os sintomas passaram a ser o centro do processo, os médicos perguntavam ao doente: “o que há de errado com você?”, passando então a perguntar “onde dói?”.
Passou-se também a incluir outros sentidos ao “olhar clínico” - além da visão – onde estes sentidos eram utilizados para solucionar analisar os “signos” para que a anamnese solucionasse o que até então se fazia invisível no corpo no intuído de “descobrir a doença” e curá-la. Resumidamente, estes passagem significou uma individualização do atendimento médico e estabeleceu-se um contrato social médico-paciente num processo objetivo doença-cura.
Em outra obra, Foucault (A Crise da AntiMedicina) destaca a comercialização da medicina e os interesses econômicos que tomaram conta da medicina moderna e se tornaram o seu principal foco desde seu surgimento. A citação a seguir é demasiado longa, porém necessária pois Foucault, ao contrário da primeira obra citada, expões de forma mais objetiva no que se transformou a medicina moderna:
A medicina surgiu no final do século XVIII por exigências econômicas. Não se deve esquecer que a primeira grande epidemia estudada na França no século XVII e que deu lugar a uma coleta nacional de dados não era realmente uma epidemia, mas uma epizootia. Tratava-se de uma mortandade catastrófica em uma série de rebanhos no sul da França, o que contribuiu para a origem da Sociedade Real de Medicina. A Academia da Medicina, na França, nasceu de uma epizootia, e não de uma epidemia, o que demonstra que foram problemas econômicos os que motivaram o começo da organização dessa medicina.
Atualmente, a medicina encontra a economia por outra via. Não simplesmente porque é capaz de reproduzir a força de trabalho, mas porque pode produzir diretamente riqueza, na medida em que a saúde constitui objeto de desejo para uns e de lucro para outros. Tendo-se convertido em objeto de consumo que pode ser produzido por uns — laboratórios farmacêuticos, médicos, etc. — e consumido por outros — os doentes potenciais e atuais —, a saúde adquiriu importância econômica e se introduziu no mercado.
Desde o momento em que o corpo humano entra no mercado por intermédio do consumo de saúde, aparecem vários fenômenos que causam disfunções no sistema da saúde e da medicina contemporânea. (FAUCALT, 1977).
Este ‘contrato social’ que se estabeleceu– médico/paciente – foi quebrado. Para o médico dinamarquês Peter Gotzsche, a maioria dos médicos atualmente são patrocinados por laboratórios e se afiliam à pesquisas pseudo-científicas fraudulentas por questões financeiras. Tendo em vista este interesse comercial, a Indústria Farmacêutica se utiliza do marketing para propagandear a cura das doenças através de seus medicamentos, apesar de que, na maioria das vezes, eles apenas amenizam os sintomas.
Esta lógica lucrativa da medicina ocidental se deve muito também ao fato dos Rockefeller’s terem se apropriado da Indústria farmacêutica e das faculdades de Medicina, além do relatório Flexner:
As indústrias farmacêuticas prometeram ser a área mais lucrativa da indústria do petróleo. A Rockefeller investiu fortemente nas empresas farmacêuticas recém-criadas. Ele formou a Fundação Rockefeller em 1913 e se concentrou nas indústrias farmacêuticas e na educação médica.
A Fundação Carnegie assumiu a administração do Conselho sobre a Educação Médica e investiu milhões de dólares no projeto. Eles analisaram todas as faculdades de medicina da América do Norte, emitindo um relatório em 1910 chamado Relatório Flexner. Para ser justo, o Relatório Flexner ajudou, pelo menos, a padronizar as práticas médicas. Mas também teve muitos efeitos negativos. O estudo foi financiado pela Fundação Carnegie com doações de John D. Rockefeller e outros industriais. Em 1909, o Conselho de Educação Médica estava sendo administrado pelos industriais, que estavam fortemente investindo nas indústrias farmacêuticas, um ramo das indústrias petroquímicas.
Essas indústrias estavam em competição direta com abordagens tradicionais de cura, tais como herbalismo, a eletro-medicina, naturopatia, massagem, dieta, exercício, etc. Os efeitos sobre outros ramos de cura que o relatório teve.
As escolas de medicina que ofereceram formação em várias disciplinas, incluindo terapia de campo eletromagnético, fototerapia, medicina eclética, fisiomedicalismo, naturopatia e homeopatia, foram informadas para retirar esses cursos do seu currículo ou perdiam a certificação e o financiamento! Algumas escolas resistiram por um tempo, mas, eventualmente, todas as escolas ou cumpriram o relatório ou fecharam as suas portas. Todas as escolas de medicina que não estavam de acordo com o Relatório Flexner foram fechadas. (A LUZ É INVENCÍVEL. A Natureza Fraudulenta da Indústria Farmacêutica. Disponível em: <https://portal2013br.wordpress.com/2015/01/26/a-natureza-fraudulenta-da-industria-farmaceutica/>. Acesso em: 01 jul. 2018).


Sabendo-se que há tanto “um Sistema Tradicional de Ação para a Saúde que supõe a abordagem técnica tanto de práticas e empenhos e os modelos de selfcare utilizados por uma população, quanto o estudo de técnicas e praxes iátricas “populares”. Podemos separar estes dois campos:
Chamamos de “conhecimento especializado” o irredutível ao acervo de noções, princípios, esquemas etc. em larga medida compartidos por toda a sociedade, ou seja, aquele cuja obtenção se faz através de uma aprendizagem “secundária” (acessível apenas a indivíduos que optam pelo exercício de certos papéis, correlacionados a identidades adquiridas desta maneira). Que se opõe ao opõe as ‘taxonomias formais’ dos especialistas populares no campo da medicina ao que designa como “conhecimento popular (informal) da doença. Designamos, em consonância com isto, como Profissional da Saúde, o sujeito detentor de um conhecimento médico especializado”. (BÁNEZ-NOVIÓN, M Artin Alberto I; BÁNEZ-NOVIÓN, Olga C. Lopez De I; SERRA, Ordep José Trindade. O anatomista popular: um estudo de caso).
Em suma, neste contexto de monopólio da indústria Farmacêutica sobre o conceito de Medicina Tradicional Convencional e o seu controle sobre os meios de comunicação de massa e o poder que estes meios ainda exerce sobre o imaginário e a realidade prática da maioria da população brasileira, torna-se importante relatar o poder de influência que a internet exerce no sentido de contrainformação e como um espaço independente de divulgar formas de tratamentos médicos alternativos aos que a Industria impõe.


3 AS MEDICINAS ALTERNATIVAS DIVULGADAS NAS MÍDIAS SOCIAIS


3.1 CONCEITUANDO “MÍDIAS SOCIAIS”


Mídias sociais são Ferramentas online que são usadas para divulgar conteúdo ao mesmo tempo em que permitem alguma relação com outras pessoas de forma descentralizada.

A internet representa um ambiente extremamente diverso para a interação social, cujas características transformam e reorganizam as práticas sociais. A comunicação entre indivíduos e grupos, bem como a organização de comunidades de interesse e ambientes para discussão, é característica inerente à evolução das ferramentas da internet. Dado seu potencial para a comunicação descentralizada, simultânea e de baixo custo, os sites de redes sociais são vistos como plataformas que dão suporte a uma série de atividades cotidianas, tais como a conversação interpessoal, o compartilhamento de conteúdos, a formação de grupos e comunidades de interesse etc.. (MAIA, R. et al., 2014).

No contexto das CMC’s (Comunicação Mediadas por Computador), as mídias sociais são um instrumento de produção e compartilhamento de conteúdo, onde se torna possível que pessoas anônimas, desconhecidas, famosas, autoridades, etc. Divulguem e troquem informações sobre os mais variados assuntos por fora da chamada ‘grande mídia’. Dentre esses conteúdos, é possível divulgar arquivos, documentos, áudios, vídeos, etc...

Apesar de diversos autores destacarem a diversidade de plataformas e ferramentas de comunicação virtuais, poucos estudos se dedicam a examinar essa complexidade. Redes e mídias sociais, wikis e plataformas de conteúdo colaborativo, por exemplo, alteram dramaticamente a infraestrutura da conectividade social e tornam o ambiente político mais poroso. Esse fato não é um fenômeno recente. Há décadas, estudos sobre a convergência de media mostram como as interfaces entre a arquitetura tecnológica da televisão, dos jornais, do cinema e da internet desafiam os modelos tradicionais da comunicação de massa organizada de modo centralizado, com as elites operando como gatekeepers e assegurando o monopólio da informação. (MAIA, R. et al. , 2014).
Nestas plataformas é possível a interação “online” entre os participantes e esta interação pode exceder para a realidade prática (“off-line”).
A literatura focada em conversação mediada por computador e sites de redes sociais, cujo interesse recai sobre a construção de identidades e comportamento em ambientes virtuais, destaca que aspectos como a identificação dos participantes, a liberdade discursiva e a moderação são elementos que influenciam o engajamento discursivo e a interação social mediada. Esses aspectos contribuem para moldar a autoexpressão, a modalidade de negociação entre igualdades e diferenças entre os participantes e, ainda, a construção de comunidades. MAIA, et, 2014.



3.2 OUTROS CONCEITOS DE MEDICINA


O conceito de medicina não é imutável:
“assim como as doenças, a medicina varia através do tempo e do espaço. Se a nossa medicina nos parece ter atingido um resultado que parece satisfatório, isso não pode, contudo, nos impedir de constatar que outros sistemas médicos podem ter atingido resultados comparáveis – mesmo porque, a rigor, toda medicina parece amparada pela natureza mesma da doença, uma vez que o destino da maioria delas é o de ser superada pela própria reação do organismo: Morremos apenas uma vez e em geral de apenas uma doença, as outras são curadas. Pelo organismo ou pela medicina? Não somente variam as doenças e as medicinas como também variam as atitudes dos pacientes e da comunidade com relação ela” (RODRIGUES: FIOCRUZ, 1986).


No processo saúde/doença, o instinto e o empirismo sempre foram importantes para a resolução de determinada patologia no organismo. Mesmo sem uma ciência formalizada, várias sociedades tratavam as doenças baseadas na própria prática cotidiana. Muitas destas práticas a ‘comunidade cientifica’ já reconhece ou muitas delas já têm um embate para processo de reconhecimento científico formal.

Uma prática popular comum no tratamento de doenças é a utilização de ervas medicinais:
“Quanto aos trabalhos relacionados à medicina tradicional (popular), esse assunto possui uma longa tradição de pesquisa na Antropologia da Universidade Federal do Pará, iniciando-se a partir das pesquisas do Prof. Napoleão Figueiredo sobre as diferentes ervas, infusões e raízes no Ver-o-Peso, empregados no tratamento de diversas doenças, desenvolvendo uma espécie de Etnomedicina. Essas monografias tratam de representações de saúde que divergem das do sistema oficial de saúde e destacam o papel dos médicos populares (ervateiros, raizeiros, benzedeiras, mães e pais de santo). (CARDOSO, Denise; COSTA, Lorena. ASPECTOS SOCIOCULTURAIS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E O PAPEL DAS CIÊNCIAS SOCIAIS: uma análise de trabalhos em temas de saúde. CAFÉ COM SOCIOLOGIA, [S.L], v. 3, n. 2, mai. 2014).
Como disse o pai da medicina – Hipócrates - “Que o seu alimento seja o seu remédio” – muitas populações tradicionais ou que tem pouco ou nenhum acesso à medicina formal, se dão conta do quando a alimentação é importante para a prevenção e até tratamento de doenças.


Podemos tirar dois exemplos, de uma população tradicional (comunidade de pescadores de Itapuã - PA) e outra de classe baixa (Santa Rita – RJ):
“Em Itapuã, no tocante à alimentação, existe uma série de fatos que consideram que podem ser causadores de doenças naturais: primeiro lugar comer mal (alimentação deficiente) é apontado como causa de fraqueza, e mesmo de Tuberculose. Comer fora de hora, isto é, não ter horário para as refeições, também se considera a causa para problemas digestivos, especialmente a azia e, mesmo, uma doença mais séria como ulcera”. (MAUÉS, 1990).
“Também como a população de classe baixa de Santa Rita, a clientela da Homeopatia valoriza a alimentação como fonte de saúde e como elemento importante na prevenção de doenças.” (BUCHILLET, 1991).


A única disciplina do curso de medicina que abordam mais à fundo esta questão é a nutrição e é abordada de forma bem rasa. Apenas os médicos que se formam em nutrição (Nutricionistas) ou se especializam (Nutrólogos) utilizam mais esta vertente da medicina. Que segundo o próprio ‘pai’, deveria ser a principal.
Além destas outras práticas populares comuns no Ocidente, existem várias outras medicinas que também são marginalizadas na maioria das vezes. Enumerarei alguns exemplos de ‘Medicinas Alternativas”:

Medicina Ortomolecular - baseada no equilíbrio das funções vitais do corpo, na reeducação alimentar para corrigir e eliminar os radicais livres - que causam envelhecimento das células - no organismo e trabalha com substâncias naturais para a reposição de nutrientes, minerais, vitaminas).
Medicina Integrativa - focada na pessoa em seu todo, informada por evidências e faz uso de todas as abordagens terapêuticas adequadas, com profissionais de saúde e disciplinas para obter o melhor da saúde e cura.
Medicina Tradicional Chinesa – conjunto de práticas de Medicina Tradicional em uso na China, desenvolvidas ao longo dos milhares de anos da sua história. fundamenta-se numa estrutura teórica sistemática e abrangente, de natureza filosófica. Tendo como base o reconhecimento das leis fundamentais que governam o funcionamento do organismo humano, e sua interação com o ambiente segundo os ciclos da natureza, procura aplicar esta abordagem tanto ao tratamento das doenças quanto á manutenção da saúde através de diversos métodos.
Medicina Ayuverda - terapia indiana milenar que utiliza técnicas de massagem, nutrição, aromaterapia, fitoterapia, dentre outras técnicas, como método de diagnóstico, prevenção e também cura, baseada nos estudos do corpo, alma e mente.
Etc...


Estas Medicinas “Alternativas”, no geral, não são sintomáticas e tem uma visão holística e simbiótica do organismo. Visão esta que atrapalha a venda descontrolada de medicamentos da indústria farmacêutica e, consequentemente, a sua divulgação no mass media. Tornando as mídias sociais o principal meio para a sua divulgação.

3.3 A DIVULGAÇÃO DE OUTRAS FORMAS DE MEDICINA NA INTERNET

As mídias sociais tornaram possível a divulgação de medicinas for do âmbito do que foi imposto, além de ainda ser possível debater e divulgar informações, inclusive de cunho científico, sobre tratamentos que ainda não são legalizados pelos órgãos reguladores no país. Atualmente é possível encontrar numa simples pesquisa no Google vários materiais, artigos científicos e páginas na internet que discorre sobre estas medicinas.

O primeiro site pesquisado, que pode ser considerado tanto mídia social (Compartilhamento), como rede social (relacionamento) é o “Amigos Da Cura”:


Estes ambientes virtuais possibilitam uma série de possibilidades para a divulgação de materiais e troca de informações das mais variadas formas e formatos:



Bem como criar grupos de discussão sobre determinado tema:



No facebook, uma rede social dentro das mídias sociais da internet, além da sua função principal de possibilitar relacionamento entre pessoas do mundo todo. Permite a interação entre elas no sentido de compartilhar informações e conteúdos. Permite também a criação de grupos sobre os mais variados assuntos.
As outras duas páginas pesquisadas são grupos do fabebook, “PROTOCOLO COIMBRA - Vitamina D para Esclerose Múltipla e Doenças Autoimunes” e “Floxies Brasil (Fluoroquinolonas)”. O primeiro sobre um tratamento – ainda não legalizado no Brasil apesar da substância ser natural e produzida pelo organismo através do contato com o Sol – de altas doses de Vitamina D3 e a segunda sobre pessoas que ficaram com efeitos adversos graves e permanente depois de terem tomado antibióticos da classe das Fluoroquinolonas.




4 PESQUISA QUANTITATIVA SOBRE A INFLUÊNCIA DAS MÍDIAS SOCIAIS NA ESCOLHA NO TRATAMENTO DE SAÚDE.


Nos grupos do facebook é possível fazer enquetes. Com esta forma de pesquisa rápida e pratica, pude delinear, através de quatro perguntas diretas, forma genérica o nível de influencia das mídias sociais na escolha do tratamento de saúde por parte de seus participantes:


4.1 GRUPO PROTOCOLO COIMBRA – VITAMINA D
Grupo com 37.445 participantes até então.





5 ENTREVISTAS / HISTÓRIA DE VIDA

Foram feitas três entrevistas para averiguar, dentro da metodologia História de Vida, o quanto as mídias sociais foram determinantes na escolha do tratamento de saúde dos entrevistados.
Na primeira, a entrevistada contou a sua historia de mudança da escolha do tratamento de saúde e respondeu ao questionário de quatro perguntas para delinear o nível de influencia das mídias sociais neste processo:

5.1 KAMILA SASTRE: 26 ANOS – BELÉM- PARÁ / BRASIL.
Tenho Esclerose Múltipla, senti os primeiros sintomas em 2007 e fui diagnosticada em 2008 por um neurologista depois de uma série de exames como Pulsão Lombar e Ressonância Magnética.
Procurei a medicina convencional primeiro e não obtive resultado satisfatório e adquiri reações adversas “horríveis” ao tratamento como dores de cabeça e febre alta. O tratamento convencional foi no Hospital Ophir Loiola, primeiramente usei Avonex durante 3 anos e não obtive resultados positivos. Depois mudei para a medicação Copaxone que apresentou efeitos “menos piores” e permaneci durante mais de 4 anos.


Depois de 8 anos de medicina convencional, conheci através de uma amiga, que conheceu o tratamento através das mídias sociais, o Protocolo Coimbra, que consiste na posologia de altas doses de Vitamina D3. Comecei este tratamento em 2014, a priori não consegui cumprir a dieta exigida e abandonei este tratamento, retomando em 2015. Depois de três meses obtive um resultado positivo que nunca tivera obtido com a medicina convencional.
O quanto você mudou seu modo de vida com relação a saúde depois de pesquisar e interagir nas mídias sociais?
- Muito
O quanto você conhecia outras formas de medicina antes de pesquisar e interagir nas mídias sociais?
- Pouco.
O quanto as mídias sociais lhe forneceram conhecimento de medicinas alternativas?
- Muito.
O quanto as mídias sociais da internet foram determinantes na escolha de seu tratamento de saúde?
- Muito.
A segunda entrevista foi feita pelo Messenger do Facebook e também deu pra delinear o nível de influência das mídias sociais na escolha do tratamento de saúde do entrevistado.


5.3 MARÇAL WILLIAM: 28 ANOS, BELÉM- PARÁ/ BRASIL

Um dos primeiros sites que encontrei e que ajudou na busca de soluções para o meu problema de saúde foi norte-americano, o Floxie Hope (site de pacientes vítimas do efeitos adversos dos antibióticos da classe Fluoroquinolonas), que recentemente publicou a minha história de reabilitação.



5.3.1 A ‘My History’ publicada no site:

Em Fevereiro de 2014, surgiram os primeiros sintomas. Eu comecei a apresentar um quadro de dor na virilha e dor na lombar. Então procurei uma médica infectologista, que prescreveu alguns exames tais como cultura de urina. Ao receber o resultado dos exames, o único resultado “anormal” foi uma bactéria na urina. Procurei então um médico urologista que por sua vez receitou um antibiótico chamado levofloxacino 500mg, um ao dia por 28 dias em base no resultado e com suspeita de prostatite.

Tendo ingerido apenas quatro comprimidos senti forte fadiga e mal-estar como se estivesse com virose. Devido a isso voltei a procurar a médica infectologista que recomendou que mudasse para o antibiótico ciprofloxacino 250mg dois ao dia por 14 dias. Com o uso desta medicação, além da fadiga, senti queimação nas pernas, comecei a ter insônia, irritabilidade e dor na perna direita.
Antes mesmo de terminar a medicação, senti forte dor de barriga e fui à emergência, onde o clínico geral recomendou que eu voltasse a tomar mais 7 dias o levofloxacino até ir a outro urologista.
O novo médico afirmou que não era prostatite.

A partir daí, deixei os antibióticos de lado, mas continuei com dores na perna direita mesmo tempos depois de ter parado de tomar o antibiótico.
Dois meses depois, fui a outro urologista que me indicou uma bateria de exames, dentre eles a espermocultura que apontou outra bactéria. O médico diagnosticou novamente como prostatite e disse que todos os sintomas se explicavam por isso. Então receitou novamente o levofloxacino 500mg um ao dia por 28 dias. Não percebi na hora que era a mesma medicação de antes, pois o nome comercial muda.
No o início do ‘novo’ tratamento não senti sintomas de destaque, só as dores na perna direita que incomodavam muito.
Até que um dia, durante o tratamento, minha perna ficou paralisada, acabei indo parar na emergência de novo. Onde isso não foi associado ao antibiótico. Daí continuei o tratamento.
Depois cheguei a ter dificuldade de engolir e surgiram bolhas na minha panturrilha. Ainda assim não associava ao antibiótico. Associava os sintomas a uma possível doença. Pois nunca tinha ouvido falar sobre efeitos colaterais como estes causados por um ‘simples’ antibiótico.
Até que no 22° dia de tratamento tive forte diarréia com muco, onde minha barriga ficou bastante inchada. Tentei tratá-la, mas não se resolvia com remédios convencionais.
Enfim associei o sintoma ao antibiótico e pesquisei sobre ele.
Descobri que as fluoroquinolonas causam diarréia grave por causa de uma bactéria chamada Clostridium Difficile. E que também poderia ter adquirido uma colite.
Já exausto de ir a médicos e aflito com a situação, resolvi me tratar por conta própria contra a bactéria e comprei Florax e Metronidazol.

Depois de 4 dias a diarréia passou, mas o pesadelo começava aí, outros sintomas começaram a aparecer depois da descontinuação do remédio: perda de massa muscular, insônia crônica, queimação nas pernas e braços, formigamentos, espasmos musculares, irritabilidade, síndrome do pânico, psicose, ataques de ansiedade, boca seca, fissura constante nos lábios, gosto metálico na boca, saburra no dorso lingual, pele seca, dor nos olhos, queda das pálpebras (ptose), coceira constante nos olhos, olhos secos e avermelhados durante a noite, enjôo constante, dor e fraqueza nas duas pernas, dor nos tendões, urina avermelhada, sangue nas fezes, diarréia constante, alergia ao sol, dor nas costas, dor nos dentes, vermelhidão e descamação grave (infecção fúngica) no couro cabeludo, cala frios (choque elétrico), fadiga crônica, pequenas manchas vermelhas na pele (inconstante), erupções cutâneas, formigamento constante em dois dedos da mão, pressão intracraniana, dor na mandíbula, suor excessivo, dor no tornozelo e calcanhar, inchaço dentro das unhas, metabolismo lento, ganho repentino de peso (10kg), perda de memória, falta de concentração, visão turva, tontura, dor constante na garganta e incontinência urinária.
Depois de algum tempo sem conseguir dormir, tive um surto psicótico, porém mantinha a consciência o suficiente pra perceber que a minha situação estava no limite e que tendia a piorar. Por isso tentei suicídio. Mas fui socorrido a tempo e internado.
Eu estava certo. Tinha perdido completamente o controle sobre mim e minha vida. Estava experimentando um sintoma chamado ‘despersonalização’, onde ficava lento e aéreo o tempo todo. Então decidiram me tratar psiquiatricamente.
O tempo passou e eu continuei com quase todos os sintomas.
Considerando a alta quantidade, variedade e complexidade desses sintomas é difícil e analisar os seus processos e suas incidências. No entanto, o fato é que 1 ano e 6 meses depois, a maioria dos sintomas permaneceu debilitando, limitando e destruindo minha qualidade de vida.
As pessoas a minha volta demoraram pra entender o que estava acontecendo comigo, eu mesmo só mergulhei a fundo sobre o tema depois de muitos meses. Tinha esperança de que todos os efeitos iriam passar e tentei levar uma vida normal.
Chegou num ponto em que eu percebi todas as minhas limitações físicas e decidi me recolher. Pensei em desistir e tentei suicídio novamente. Por causa disso me internaram numa clínica psiquiátrica. Claro que não adiantou nada. A não ser pelas amizades que fiz e pela ressocialização que tive mesmo num ambiente não tão propício para isso.
Depois de tudo isso, deixei o tratamento psiquiátrico de lado e passei a tomar somente um remédio pra dormir (Rivotril e depois Lorax) e passei a me dedicar a estudar sobre o antibiótico e os sintomas que adquirí.
Eu pensava que tinha perdido minha juventude e tinha medo de envelhecer com todos esses sintomas. A situação é dramática, eu era um jovem saudável mas fiquei debilitado e não conseguia fazer nada do que eu gostava e planejava fazer.
Sentia-me ainda mais desesperado pesquisando na internet e traduzindo os relatos do inglês para o português, de pessoas que ficaram numa situação deplorável depois de tomar este antibiótico. Minha família até me proibiu de entrar na internet depois que todos os médicos estavam falando que eu estava hipocondríaco.
Eu tinha encontrado uma proposta de tratamento aos efeitos do antibiótico num site norte-americano de medicina integrativa. Segundo o relato, um paciente fez infusões de glutationa e conseguiu excelentes resultado. Decidí procurar um médico que pudesse fazer este tratamento e encontrei um ortomolecular. Comecei a me tratar com ele.
Além da glutationa, comecei a fazer outros tratamentos com ele, dentre eles a retirada de metais pesados. Em seguida, postei a minha historia num blog brasileiro de saúde ‘Amigos da Cura’ e obtive apoio e uma mulher me recomendou a auto-hemoterapia. Este tratamento não é reconhecido pela ANVISA (A FDA do Brasil) e é proibido que seja feito por instituições ou profissionais de saúde, onde estes estão sujeitos a penas que vão de multa até a interdição do local e cassação da licença do profissional que a fizer.
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Apesar de minha desconfiança e da reprovação de minha família, decidí fazer o tratamento. Depois de algumas semanas a minha recuperação foi surpreendente, principalmente com relação à resistência física.
Aos poucos fui retomando minhas atividades cotidianas e concomitantemente ia buscando outras formas de tratamentos naturais para ajudar em minha recuperação como acupuntura, retirada de metais pesados, medicina tradicional chinesa, suplementação, etc.. Tomei vários remédios naturais como magnésio, ômega 3, altas doses de Vitamina D3, Pool de Probióticos, Carvão vegetal Levedo de Cerveja, MSM, óleo de coco, óleo de cártamo, melatonina, acido alfa-lipoico, baixas doses de LDN, BIO21, suncogumelo, altas doses de vitamina A, cloridrato de betaina, babosa, etc..
Ainda pretendo tomar muitos suplementos não agressivos à saúde e que eu considere que possam ajudar, pois percebí que a melhor estratégia para superar estes efeitos colaterais é centralizar seus esforços em fortalecer seu sistema imunológico de todas as formas possíveis, pois graças à alta penetração do flúor, seu organismo foi atacado em toda a parte pois ele ataca diretamente as defesas de nosso organismo nos deixando completamente debilitados e causando efeitos em todos os lugares do corpo.
Enfim, é complicado escrever uma história que ainda está acontecendo. Por exemplo, acabei de fazer ozonioterapia e a melhora que obtive foi impressionante. E espero que desta vez eu só melhore. Lembro-me de quando estava procurando desesperadamente uma solução para os efeitos terríveis que estava tendo e como ficava atordoado quando não encontrava uma solução rápida e definitiva para o problema. Creio que a minha história possa ajudar as pessoas que encontram-se desta maneira neste momento pois não foi apenas uma questão de pensar positivo ou superação psicológica, ela foi uma prova clara e objetiva de que há solução para o problema, porém esta solução não é como a indústria farmacêutica nos acostumou, não existe um remédio para a doença, o que existe é o organismo que fica debilitado a tal ponto de ficar vulnerável a ela.
No mais, nesta minha retomada as atividades cotidianas, fui demitido do meu emprego em virtude do meu afastamento. Voltei por intermédio da justiça, porem a luta e os problemas continuam, porem em outros âmbitos...
Mas isso já não é importante. Como diz o clichê: ‘O importante mesmo é a saúde, do resto a gente corre atrás...’ Nunca acreditei tanto nisso como agora...
Atualmente estou mais saudável do que nunca. Mesmo antes de tomar fluoroquinolonas.
Eu percebi, a fim de deixar uma recomendação , que o que eu estou tomando atualmente - Vitamina D3 10000 UI e Vitamina k2 100mcg - foi o que mais positivamente impactou minha recuperação e é o que eu pretendo levar para sempre.
Voltei à fazer academia e estou mais ativo do que nunca em minhas atividades: no trabalho, na faculdade e no que exige mais do meu preparo físico, acompanhar meu filho Davi Malcolm de um ano e sete meses...


6 CONSIDERÇÕES FINAIS


Em síntese, este trabalho destacou primeiramente a influencia dos meios de comunicação de massa na vida cotidiana da maioria das pessoas utilizando a teoria do “agendamento” (Agenda Setting). Posteriormente, com a massificação da internet, consequentemente, as mídias sociais e redes sociais serviram como um contraponto as informações divulgadas pelo ‘mass media’.
Neste contexto, as mídias sociais serviram justamente para divulgar outras formas de medicina não convencionais e formalizadas que não tinham espaço nos meios de comunicação de massa. Em seguida foi conceituada a medicina formal ocidental e algumas “Medicinas Alternativas”. A primeira sob a ótica de Michel Foucault, Peter C. Gøtzsche e a origem da hegemonia da Industria Farmacêutica, principalmente depois da entrada do investidor norte-americano John Davison Rockefeller no ramo e do Relatorio Flaxer, controlando assim a medicina formal e a educação médica apropriando-se da medicina ocidental. A segunda, baseando-se justamente na divulgação destas medicinas nas mídias sociais e citando algumas obras que falam do olhar da cultura popular sobre medicina e suas práticas medicinais não embasadas no sentido de alcançar a cura de alguma doença ou patologia.
Por fim, através da netnografia e ‘história de vida’, constatou-se pela pesquisa realizada, considerando obviamente as limitações deste trabalho com relação à pesquisa quantitativa, que as mídias sociais foram determinantes para a grande maioria das pessoas que procurarm outras formas de tratamentos de saúde fora do campo da medicina tradicional.