sábado, 25 de setembro de 2021

Porto Futuro - "Esquerda" e "Direita" unidas pelo Entreguismo

No dia 26/07/2021, o prefeito de Belém - Edmilson Rodrigues(Psol) - ; A secretária de cultura do Estado do Pará - Úrsula Vidal(REDE) - ; O governador do Estado - Hélder Barbalho (PMDB) - ; O diretor-presidente da Companhia Docas do Pará - Eduardo Bezerra - além de outras autoridades estiveram presentes para formalizar a entrega de Galpões da Companhia Docas do Pará ao Governo do Estado, o que representa mais um passo do chamado "projeto Porto Futuro", rumo ao esfacelamento do Porto de Belém e à entrega do setor portuário brasileiro a interesses privados e internacionais. Este espaço cedido, que a partir de então, ironicamente, será chamado de "Porto Belém", abrange uma área total de 50.000m², que compreende os armazéns 04, 04-A, 05, 06 e 06-A, 11 e 12.



Em agosto do ano passado, Jair Bolsonaro, Zenaldo Coutinho e o mesmo Hélder confraternizaram também a entrega de primeira etapa deste crime lesa-pátria - "Porto Futuro" - que se iniciou ainda na gestão de Michel Temer, onde o seu "Futuro" é cumprir o PPI (Programa de Parcerias e Investimentos) e o PND do mal (Programa Nacional de Desestatização), de desmontar criminosamente o Estado brasileiro privatizando suas empresas estratégicas. 


É importante ficar claro o que é de verdade este projeto e o que ele representa enquanto parte do projeto neoliberal do Estado Brasileiro, que se agrava no Governo Bolsonaro, mas que contou e, infelizmente, ainda conta com a cumplicidade de grande parte da "esquerda" brasileira...

A desestatização dos portos brasileiros está em andamento e cada vez mais avançada e o "Porto Futuro" é um bom exemplo da forma vergonhosa que sempre ocorreram as privatizações no Brasil. Basicamente, a previsão é que o Governo Federal gaste 270 milhões para simplesmente entregar o espaço, que poderia estar movimentando cargas, gerando recursos para o poder público e para a população, gerando emprego e renda de verdade.

Outro exemplo é o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social), que ao invés de cumprir o seu papel de financiar, em nome do interesse público nacional, projetos de longo prazo, além de micro, pequenas e médias empresas. Está participando deste processo de desmonte do Estado Brasileiro, patrocinando e promovendo os estudos e modelagem da desestatização dos empreendimentos portuários, além de ficar responsável do suporte à realização das audiências públicas e dos leilões.

Ou seja, o Governo entrega o nosso dinheiro à iniciativa privada, é assim que funciona as privatizações no Brasil. E, ironicamente, o ministro Tarcísio Freitas vem sendo elogiado por este tipo de conduta privatista a frente do Ministério da Infraestrutura.



 O pior de tudo isso é que esta dilapidação das nossas riquezas conta, muitas vezes, com o apoio de que deveria defendê-las. A nossa "esquerda" geralmente utiliza de eufemismos - a famosa "migué" - pra justificar quando participa direta ou indiretamente das privatizações. Como foi o caso da Dilma, quando privatizou o setor de aeroportos chamando isso de "concessão". 

No Pará, a nossa "esquerda" tradicional sempre ficou debaixo da asa do PMDB. Seguindo esta linha, Edmilson Rodrigues e Úrsula Vidal se utilizaram de desculpas esfarrapadas para justificar a sua presença e o seu apoio do Porto Futuro:

Úrsula Vidal defendeu que seria um espaço para a "diversidade cultural, nossa inventividade e criatividade; valorização da cultura popular, patrimônio imaterial e identidade" e Edmilson alegou que iria "modernizar essa área".

O Porto Futuro, basicamente, é uma PRAÇA! Não precisaria de um projeto do Governo Federal para se construir um espaço como este. Isto seria papel da Prefeitura! 

Por que ao invés de desperdiçar milhões num projeto sem sentido como este, por que não revitalizar a Praça Waldemar Henrique, abandonada a tanto tempo e logo ali do lado?!




O próprio Edmilson falou isso numa live, em que ele responde uma pergunta que fiz sobre a necessidade de reativar o Porto de Belém, onde ele também  afirma: "O Hélder quando estabeleceu esse projeto do Porto Futuro, ele fez uma obra pra de alguma forma ter presença na capital e ajudar na eleição dele, não é que seja ruim urbanizar ali, mas aquilo é competência da prefeitura, só que como as negociações não avançaram, veio o Ministro da Integração e faz uma obra urbana, totalmente fora da competência de um Ministro de Estado, nunca vi isso, ministro fazer praça em Belém" - "Não dá pra transformas o porto só em área turística, nem dá pra utilizar os galpões, dizendo que é pro turismo, mas bancando com dinheiro público a sua sustentação, aí que privatização é essa Marçal?!" 


Ele prometeu também esforços contra a privatização da CDP e lutar pra fortalecer o papel portuário de Belém, citando até uma política de industrialização. Mas ainda não se viu projeto econômico da prefeitura. Na prática, o que se viu até agora foi que a velha subserviência da esquerda paraense às velhas raposas pemedebistas continua...

É deprimente que excelentes quadros progressistas paraenses/brasileiros se resignem a este modelo econômico de entrega de nossas riquezas e de perdas internacionais...